Indinayara Gouveia
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”
Eduardo Galeano
Pessoas de cerca de 36 países se reuniram em Maricá – RJ para discutir os caminhos da esquerda durante os dias 22 a 26 de junho no Festival da Utopia. O momento contou com diversos espaços que foram conduzidos por ícones que abordaram assuntos como economia, cultura, comunicação, relações humanas, meio ambiente e estado. Além da programação política, houve rodas de conversas, shows, oficinas, feira de livros e feira da reforma agrária.

O Festival da Utopia, evento organizado pela prefeitura de Maricá-RJ, reuniu personalidades de 36 países em discussões políticas, econômicas e comunicacionais sobre o futuro do movimento esquerdista. Aleida Guevara, filha do guerrilheiro socialista foi uma das presenças ilustres do 1° dia do evento
O primeiro dia foi marcado pela presença de Aleida Guevara, filha do guerrilheiro socialista Che Guevara, que criticou a desunião da esquerda na América Latina “Temos que ganhar o respeito de quem nos escuta. Que valor tem uma esquerda que não conta com o reconhecimento popular? Se assumimos o poder e não mudamos as terríveis leis criadas pela burguesia, não podemos realizar mudanças profundas”, afirmou Aleida, que acredita que o erro da esquerda é fragmentar a luta e deixar de lado os objetivos em comum.
O estudante paulista Felipe Dourado viu no espaço uma forma de enxergar as fragilidades e buscar corrigir erros que vêm se repetindo ao longo das gerações, “Estamos tendo a chance de debater com pessoas de diferentes espaços e formas de alcançar o mundo que acreditamos. Precisamos unificar nossas lutas se realmente quisermos construir uma sociedade justa e igualitária”, conta o estudante.
O Festival da Utopia foi organizado pela prefeitura de Maricá e diversos movimentos e organizações sociais. Entre os convidados, estavam presentes o cientista indiano Prabir Purkayastha, a deputada Jandira Feghali e a ativista ambiental Vandana Shiva.
Espaços

Com espaços de shows, oficinas e feiras, o Festival da Utopia também contou com um acampamento para atender aos participantes do evento. O camping que possuía cozinha e banheiros também contou com espaços para a diversão das crianças
Para acomodar os participantes, foi montado um acampamento, que além da estrutura de camping, contava com banheiros, cozinha e segurança. Próximo a esse espaço, foi montada uma estrutura para abrigar a programação colaborativa, construída pelos utópicos e utópicas que se inscreveram com sugestões de rodas de conversas, encontros de movimentos, minicursos e apresentações. Ainda no acampamento foi pensado em um espaço para a criançada que se fez presente no festival.
Na praia da Barra, foi montada tendas para abrigar as mesas de discussões, espaço para show e ao ar livre estavam instaladas barraquinhas comercializando comidas, roupas, peças artesanais e livros. As personalidades convidadas se dividiram nas Tendas dos Pensadores, dos Trabalhadores e da Diversidade em debates que aconteciam simultaneamente. Gabriel Souza, do Movimento dos trabalhadores por Direitos (MTD), elogiou a organização, que, segundo ele, conseguiu atender à diversidade de organizações presentes no Festival: “Os espaços divididos dessa maneira possibilitam a reflexão mais detalhada de algumas pautas especificas, falando das que precisam ser mais debatidas na conjuntura política e social que vivemos”.
Dentro dos espaços de discussões, uma pauta em comum debatida foi a conjuntura política brasileira. “Estamos vivendo um golpe de estado no Brasil, isso significa o retrocesso em diversas conquistas dos movimentos sociais do país, acho que o festival também é um espaço para reafirmar o posicionamento da esquerda contra o governo interino e contra o conservadorismo que ocupa locais que deveriam garantir representatividade”, explica a carioca Juliana Vianna.
Uma nova forma de consumo
A economia também foi pauta no Festival da Utopia, além da Feira da Reforma agrária, que reuniu produtos vindos de assentamentos e da economia solidária, o assunto foi debatido nas tendas e em rodas de conversas.
O ex-senador Eduardo Suplicy defendeu a importância de estimular incentivos as produções sustentáveis: “Estimular a criação de cooperativas solidárias, como aqui em Maricá, para que integrantes de movimentos sociais como o MST, por exemplo, possam ensinar e aprender o plantio de produtos sem agrotóxicos, produzindo alimentos mais saudáveis e de maneira mais sustentável e de forma equitativa”.
Para Sarah Batista, artesã, apenas apoiando pequenos produtores que não estão inseridos no meio de produção industrial que se faz ser possível construir um consumo sustentável. “O capitalismo fere direitos sociais e ambientais para garantir seu espaço no mercado e sabemos que enquanto haver quem consuma esses produtos mais veremos o campo, cidades, famílias tendo o seu espaço ferido”, destacou.
Comunicação por todos e para todos

As discussões das palestras abordaram temas políticos, culturais, econômicos e ambientais. Todos os assuntos em pauta tinham como propósito debates para construir uma sociedade mais justa e igualitária
O Festival da Utopia contou com uma comunicação colaborativa, comunicadores de todo o país se dividiram para garantir a cobertura do evento com fotos, vídeos, textos e transmissões ao vivo.
Ainda no campo da comunicação, diversos espaços abordaram o tema. Destaque para a mesa da Democratização da imprensa, que contou com o jornalista e escritor Fernando Morais, Laura Capriglione, do coletivo Jornalistas Livres, Bia Barbosa, do coletivo Intervozes, e Roni Anderson Barbosa, Secretário de Comunicação – CUT.
Fernando Morais defendeu a importância da população lutar pela democratização por ser uma pauta que atinge o direito de todas a uma informação de qualidade, que é ferido diante do monopólio dos meios de comunicação. “Os donos dos conglomerados de imprensa são inimigos do povo brasileiro e assim devem ser tratados.A tecnologia anda mais rápido que a nossa ideologia. Você compra um celular, e tem alguma coisa a dizer, você vira um Roberto Marinho. Nós vamos ganhar essa guerra. Nós vamos fazê-los passar a pão e água, a sol e sal. Não por vendeta, mas por que vamos assumir nosso espaço”, afirmou o escritor.
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