Carlos Cavalcanti
Carlos Alberto Faraco (2001) admite uma grande diversidade de ideias com relação ao estrangeirismo em nossa língua. Não se sabe muito bem quais as vantagens ou desvantagens do uso de termos estrangeiros para a Língua Portuguesa, mas é perceptível que, mais do que incorporar à nossa língua termos estrangeiros, têm se incorporado, cada vez mais, novos hábitos (ALMEIDA; BRISOLLA, 2000).
Para Rosália do Vale, jornalista e redatora publicitária, “tornou-se comum sentir-se estrangeiro em sua própria pátria” (2001, internet), afinal, cada vez mais usamos equipamentos high-tech, frequentamos lan-houses, participamos de chats, fazemos download, backup, etc.
Especialistas discutem que a presença constante do inglês na comunicação diária e, principalmente, nos termos da informática é uma apropriação, ou seja, uma invasão, que gera insegurança e indignação à língua materna. Já outros não corroboram com tal afirmação, pois consideram que todo idioma recebe influências estrangeiras e isso passa a ser um processo natural e dinâmico para o enriquecimento da língua.
Alguns estudiosos, como Faraco, descrevem a impossibilidade da existência de uma língua pura, ou seja, sem contaminações estrangeiras. “Na visão alarmista de que os estrangeirismos representam um ataque à língua, está pressuposta a noção de que existiria uma língua pura, nossa, isenta de contaminação estrangeira. Não há” (FARACO, 2001, p. 29).
Toda língua carrega em si influências de uma outra. Não existe e nunca existiu uma língua pura sem a contaminação do estrangeirismo. Mas será que a língua, em certos contextos, exige o uso do estrangeirismo ou o falante opcionalmente o insere em seus diálogos? Concordamos aqui com o ponto de vista de Faraco, quando afirma que “o problema é que hoje em dia muitas pessoas utilizam-se de estrangeirismos, com o intuito de transparecer atualidade ou até mesmo demonstrar possuir mais cultura que as demais” (FARACO, 2001, p. 29)
Não se pode negar que a Língua Portuguesa mudou muito até os dias de hoje, isso por meio dos empréstimos feitos por outras línguas. Se observarmos desde quando foi trazida para o Brasil pelos colonizadores, nota-se que ela enriqueceu muito com as contribuições, principalmente dos dialetos indígenas, das línguas modernas faladas em outros países (por meio do intercâmbio cultural e da imigração) e dos léxicos africanos. Então, compreendemos que os empréstimos linguísticos, mesmo que estrangeiros, são meios de renovação lexical para uma língua. Segundo Sírio Possenti,
um léxico sempre pode crescer, ou o atual receber novos sentidos, mas isso dificilmente se faz por decreto. A história das línguas é em grande parte uma história de empréstimos. Tomar palavras do inglês ou construí-las com elementos gregos ou latinos não reproduz mudanças na natureza da língua. Nem a desfigura, nem a melhora. (2001, p. 170).
Desde a década de 1980, quando surgiram os primeiros computadores pessoais, a tecnologia vem avançando de uma forma extremamente rápida. Paralelo a isso, o usuário tinha que praticamente aprender uma nova língua para operar esses computadores. Com isso, imagina-se que a tecnologia seja uma das principais contribuições para que o estrangeirismo em nossa língua seja usado em escala muito maior que antigamente.
A informática, neste caso, é simplesmente um ponto motivador para a presença de muitos vocábulos estrangeiros na Língua Portuguesa. Com a aceleração do avanço tecnológico, o que se espera é uma grande massa de termos de outras línguas presentes na língua materna. Da mesma maneira que nunca existiu uma língua pura, o português não será uma exceção. Estrangeirismos em nossa língua é um dos pontos de partida para a evolução e crescimento dessa.
De uma maneira geral, pode-se considerar que é grande o número de termos estrangeiros utilizados na língua e que um dos maiores fatores incentivadores dessas inserções é a informática. Com tais inserções, a língua não encontra caminhos para fugir de suas transformações e acaba tendo o estrangeirismo como, talvez, a principal ferramenta à variação linguística. O manuseio de computadores força o usuário a conhecer uma outra língua, neste caso o inglês, e com êxito.
Enfim, entende-se que o estrangeirismo transforma a língua e que a informática é um ponto chave para o aumento de vocábulos estrangeiros na Língua Portuguesa.
Referências
ALMEIDA, Lívia; BRISOLLA, Fábio. Fiscais do ciberespaço. Veja Rio. São Paulo: Abril, edição n. 1650, ano 33, n. 21, p. 13, 24 mai. 2000.
FARACO, Carlos Alberto (org.). Estrangeirismos: guerra em torno da língua. São Paulo: Parábola Editorial, 2001.
POSSENTI, Sírio. Os humores da língua: análises linguísticas de piadas. Campinas: Mercado de Letras, 2001.
VALE, Rosália do. Estrangeirismo: invasão ou apropriação? Disponível em <http://www.novomilenio.inf.br /idioma/20010713.htm>. Disponível em 30/06/2016.
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