Gian Marlon
Não basta ligar. É preciso ter um design atrativo, o melhor sistema operacional, acesso rápido à internet, uma memória que caiba todas as fotos, vídeos e áudios produzidos ao longo da vida. Parece exagero? Mas para tentar alcançar esse feito, consumidores trocam de aparelhos constantemente ou mantêm mais de um celular
Dados da Agência Nacional de Telecomunicações mostram que o Brasil terminou o primeiro trimestre do ano com 257, 8 milhões de celulares e densidade de 125,42 cel/100 habitantes. Portanto, o número de celulares atualmente é maior do que o número de habitantes. Em Montes Claros não é difícil encontrar pessoas que tenham mais de um aparelho. O jovem Rodrigo Alves, de 20 anos, possui dois aparelhos celulares. Ele se justifica dizendo que não gosta de misturar a vida pessoal com a profissional. “Eu já tinha um que agora ‘tá’ com meu avô, um é empresarial e o outro é meu. Eu gosto de separar a vida profissional da pessoal”, afirma Rodrigo.
Para manter os três aparelhos, Rodrigo gasta uma média de R$ 150,00. “Minha família tem uma empresa e eu gerencio com eles, na empresa tem Wi-fi, o gasto é de R$ 120, 00 mensais e eu uso um plano de trinta e cinco reais”, detalha Rodrigo.
Para a psicóloga e professora universitária Ana Cristina Martins, o problema está mais relacionado ao estímulo ao consumismo por meio de uma tecnologia que cada vez mais desenvolve aparelhos mais avançados. “Uma pessoa extremamente tecnológica tende a usar celulares com mais tecnologia. Querer acompanhar a sociedade sem ter condições necessárias gera o excesso de consumismo”, explica a psicóloga.
Estratégia
O pintor José Florival Oliveira Soares, mais conhecido como Jota Efe Oliveira, já teve seis celulares incluindo o atual. “Ao todo são seis com o atual, dois Ericsson, dois Motorola, Um Ching Ling e este Samsung”, lista José Oliveira. O motivo para ter trocado tantas vezes de celular ele apresenta: “Hoje só tenho um. Iam ficando velhos e obsoletos. Utilizo para acessar a internet em pesquisas e vídeos e as redes sociais, também jogo 2048”. 2048 é um jogo de raciocínio criado no ano de 2014 pelo desenvolvedor italiano Gabriele Cirulli. O jogo consiste em deslizar peças numeradas em uma grade, combiná-las e formar um azulejo com o número 2048. A despesa para manter esse prazer é de R$ 18,00 reais a cada três meses, valor que ele considera razoável.
A estudante Thasya Tomé já teve três celulares, mas hoje ela tem apenas um. O primeiro ela ganhou quando tinha 12 anos. A explicação para a quantidade de aparelhos que já teve é plausível com o estímulo gerado pela sociedade do consumo: “Troquei por que eles não estavam suprindo todas as minhas necessidades mais. Eu precisava ter acesso mais prático à internet e depois veio essa coisa de foto, e o telefone não tinha câmera boa”. Ela gasta em média R$ 90,00 mensais para manter a conectividade. “Eu me comunico com amigos e parentes distantes, vejo filme e séries, leio livros e notícias, ouço músicas. Sou completamente dependente dele. Meu celular é quase um órgão vital meu, minha vida ‘tá’ nele”, reconhece a estudante, que ainda confessa que o celular atrapalha seus estudos.
A doméstica Maria Leila Soares de Almeida, 50 anos, ressalta que já teve dois celulares e trocou porque quebrou. Agora só tem um. “Eu só recebo chamada e faço ligações quando eu tenho crédito. Gasto R$ 10,00 a cada dois meses” diz . Para ela é desnecessário ter mais de um celular por causa da modernidade. “Muitos não estão satisfeitos com o que tem. Um só atende as necessidades. O que gera o consumismo é isso, porque as pessoas não estão satisfeitas com o que têm, sempre querem mais e quem ganha com isso são as operadoras”, afirma.
Assim como Jota Efe Oliveira e Thasya Tomé, muitas outras pessoas utilizam mais de um aparelho para ter outra operadora, a fim de que possam fazer ligações em um e no outro navegar virtualmente. Enquanto as pessoas gastam para adquirir e manter mais de um aparelho, a indústria telefônica e as operadoras são ganhadoras de um lucro ostensivo por meio das vendas de celulares e linhas telefônicas com planos para todas as necessidades e todos os bolsos.
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